A dependência química é um desafio complexo, e não é por acaso que muitos familiares se veem diante de um verdadeiro dilema: como ajudar um viciado que não quer ajuda?
Sem dúvida, é muito difícil ajudar alguém que não reconhece o problema, porém, existem algumas estratégias que podem fazer com que o usuário se conscientize da sua condição e aceite tratamento.
O apoio emocional é essencial nesse processo, seja por parte de familiares ou amigos. E tudo começa mostrando empatia, passando confiança e criando um ambiente acolhedor.
Com as estratégias certas, paciência e amor, é possível ajudar seu ente querido. Vamos ver agora como fazer isso de forma eficaz.
Entendendo a dependência química e seus desafios
A dependência química é uma doença crônica que afeta milhões de brasileiros, alterando o estado psíquico e físico devido ao uso de substâncias psicoativas.
O que é dependência química
Considerando que a dependência química é caracterizada pela compulsão incontrolável de consumir cada vez mais a substância, é fundamental estar bem alerta aos primeiros sintomas, como:
- Isolamento social;
- Negligência com a aparência;
- Mudanças de humor;
- Desinteresse por atividades antes prazerosas.
As drogas podem afetar o cérebro de diferentes formas, com efeitos depressores, estimulantes ou perturbadores.
Impactos da dependência na família
Cerca de 28 milhões de brasileiros têm um familiar dependente químico, gerando impactos profundos na estrutura familiar, criando um ambiente de instabilidade e tensão constante.
Os laços afetivos são severamente comprometidos devido a comportamentos como mentiras e manipulações, típicos da dependência, que quebram a confiança entre os membros da família.
O aspecto financeiro é fortemente afetado, pois recursos familiares são frequentemente desviados para sustentar o vício, comprometendo necessidades básicas como alimentação e moradia.
O isolamento social também é comum, já que muitas famílias, envergonhadas pela situação, acabam se afastando de amigos e parentes, perdendo importantes redes de apoio justamente quando mais precisam.
Este ciclo de problemas só pode ser rompido com ajuda profissional que inclua não só o dependente, mas todo o núcleo familiar no processo de recuperação.
Por que o dependente recusa ajuda
A negação da doença é comum entre dependentes químicos, e muitos acreditam ter total controle sobre o uso de drogas, o que dificulta a busca por ajuda profissional.
O medo da abstinência também é um obstáculo, diante de todos os sintomas envolvidos.
Um outro aspecto que merece ser mencionado é que a vida sem responsabilidades pode parecer confortável, e muitos resistem à mudança.
Mas a mudança só começa quando o dependente reconhece que está doente e que sozinho não conseguirá se livrar do vício.
Como ajudar um viciado que não quer ajuda
Ajudar um dependente químico resistente ao tratamento não é uma tarefa fácil, sobretudo por que muitos não admitem sua dependência.
Para lidar com essa situação, estratégias específicas são essenciais.
Estabelecendo uma comunicação assertiva
A comunicação assertiva cria um diálogo efetivo com o dependente, porém, é preciso ter muito cuidado, principalmente quanto às acusações e julgamentos.
O objetivo aqui é expressar sua preocupação e oferecer apoio.
Use frases como “Estou preocupado com você”, que é melhor do que dizer “Você precisa parar de usar drogas”.
Criando um ambiente de confiança
Construir confiança é vital para que o dependente busque ajuda: Ouça sem criticar e ofereça suporte emocional e prático.
A confiança se estabelece aos poucos por meio de ações consistentes e palavras de incentivo.
Limites necessários no relacionamento
Limites saudáveis protegem seu bem-estar e incentivam a mudança, mas lembrando que limites não são punições.
É importante não aceitar comportamentos problemáticos, deixando as regras claras e mostrando as consequências para ações ruins.
Essas estratégias criam um ambiente favorável ao tratamento, contudo, a mudança leva tempo, exigindo muita firmeza e paciência.
Mas caso você encontre dificuldade em lidar com toda essa situação, busque orientação de um profissional.
O papel da família no processo de recuperação
O apoio familiar é essencial para ajudar um ente querido a superar a dependência química. Quando os parentes participam do tratamento, as chances de sucesso aumentam muito.
Os familiares devem entender a natureza da dependência, como reconhecer os sintomas que apontam para uma dependência química. Com esse conhecimento, a família cria um ambiente favorável à recuperação.
O acompanhamento médico e o suporte emocional são formas de apoio, tanto para o dependente quanto para a família.
Grupos de apoio e profissionais especializados auxiliam as famílias, oferecendo dicas para lidar com a situação, além de preparar os familiares para conviver com a doença.
Codependência: quando a família também precisa de ajuda
A codependência é um transtorno emocional que afeta familiares de dependentes químicos, onde os membros da família sacrificam seus objetivos para cuidar do dependente, o que acaba prejudicando a dinâmica familiar e a recuperação do indivíduo.
Sinais de codependência
Confira alguns sinais de codependência:
- Codependentes sentem-se responsáveis pelas emoções e ações do dependente;
- Sofrem com ansiedade e culpa, tendo dificuldade em estabelecer limites saudáveis;
- Baixa autoestima;
- Dificuldade em reconhecer a realidade disfuncional em que vivem.
Como a codependência afeta o tratamento
A codependência pode piorar o problema da dependência química, visto que o codependente dedica mais atenção ao dependente, deixando outros familiares de lado.
Isso cria um ciclo vicioso na família, tornando a recuperação ainda mais difícil, levando o dependente à perda de autonomia.
Buscando ajuda profissional
O tratamento familiar é imprescindível para lidar com a codependência. Um especialista ajuda a identificar sintomas e promover mudanças positivas nas relações.
Grupos de apoio e terapia são opções eficazes, pois tratam a codependência e melhoram a vida de toda a família.
Internação involuntária: quando considerar esta opção
A internação involuntária de dependentes químicos é uma medida extrema que deve ser considerada apenas em situações específicas, quando todas as outras alternativas de tratamento já foram esgotadas.
Esta modalidade de internação é respaldada pela Lei 10.216/2001, que regulamenta os direitos das pessoas com transtornos mentais, incluindo os dependentes químicos.
Esta opção de tratamento torna-se necessária nas seguintes situações:
- Quando o dependente apresenta risco iminente para si mesmo ou para terceiros;
- Grave comprometimento físico devido ao uso intenso de substâncias;
- Comportamentos autodestrutivos;
- Tendências suicidas ou condições que coloquem sua vida em perigo.
O processo deve seguir rigorosos protocolos legais e médicos. É necessário um laudo médico circunstanciado que justifique a internação, além da solicitação de familiares ou responsáveis legais.
A internação deve ser comunicada ao Ministério Público em até 72 horas, e o término da internação também depende de avaliação médica atestando que os riscos iniciais foram controlados.
É fundamental ressaltar que a internação involuntária não deve ser vista como primeira opção ou solução definitiva, mas como uma intervenção emergencial para preservar a vida e a integridade do dependente.
Após a estabilização do quadro, é essencial dar continuidade ao tratamento com outras abordagens terapêuticas que incluam o desenvolvimento da consciência sobre a doença e o desejo voluntário de recuperação.
Conclusão
Auxiliar um viciado que recusa ajuda é complicado, já que a recuperação efetiva depende do desejo do dependente de mudar.
A jornada para a sobriedade é difícil. Alguns alcançam abstinência na primeira tentativa, enquanto enfrentam recaídas. Por isso, o apoio de familiares e amigos é essencial.
A boa notícia é que você encontra opções de tratamento para diferentes orçamentos, inclusive algumas clínicas aceitam convênio Bradesco, além da possibilidade de parcelamento.
Com paciência e suporte adequado, é possível vencer a dependência química ter a sua vida de volta!