A dependência química é considerada uma doença crônica, afetando milhões de pessoas em todo o mundo.
Muitos não sabem, mas esse problema se desenvolve em um ciclo progressivo e nem fazem ideia de quais são as 3 fases do processo de dependência.
De acordo com a equipe do grupo Levante, clínica de recuperação conveniada com o Bradesco, conhecer essas etapas ajuda a entender os sinais, e assim, buscar ajuda no momento certo.
Vamos explorar cada uma dessas fases em detalhes, além de mostrar como identificar os primeiros sinais de dependência.
Quais são as 3 fases do processo de dependência
As 3 fases principais do processo de dependência química são:
Fase 1: Uso experimental/recreativo
Nesta fase inicial, a pessoa começa a experimentar substâncias, geralmente em contextos sociais. Veja alguns dos sinais:
- O uso ainda é controlado e ocasional;
- A pessoa mantém suas atividades normais;
- Não há comprometimento significativo da vida pessoal ou profissional;
- Ainda existe a escolha clara sobre usar ou não a substância.
Fase 2: Uso abusivo/nocivo
Esta fase intermediária já apresenta sinais de perda de controle, como:
- Aumento gradual da frequência e quantidade de uso;
- Desenvolvimento de tolerância à substância;
- Começo de problemas pessoais, profissionais ou de saúde;
- Episódios de arrependimento após o uso;
- Tentativas mal sucedidas de parar ou reduzir o consumo.
Fase 3: Dependência
É a fase mais crítica, caracterizada por:
- Perda total do controle sobre o uso da substância;
- Forte compulsão para consumir, mesmo reconhecendo os prejuízos;
- Isolamento social e abandono de atividades antes prazerosas;
- Desenvolvimento de problemas graves de saúde;
- Síndrome de abstinência quando tenta parar;
- Foco principal da vida passa a ser obter e usar a substância;
Vale ressaltar que nem todas as pessoas que experimentam drogas desenvolverão dependência, já que fatores genéticos, psicológicos e sociais influenciam este processo.
A identificação precoce dessas fases e a busca por ajuda profissional são fundamentais para evitar a progressão da doença e aumentar as chances de recuperação.
Mecanismos de defesa na dependência química
A dependência química é uma condição complexa com vários mecanismos de defesa, os quais dificultam o reconhecimento do problema e a busca por ajuda.
Negação e minimização
A negação é uma fase crítica da adicção, onde o dependente afirma não ter problemas com drogas, acreditando poder parar quando quiser.
Já a minimização é parecida com a negação. O usuário subestima os efeitos negativos das drogas em sua vida, o que cria uma barreira para receber assistência.
Projeção e hostilidade
Na projeção, o dependente culpa os outros por seus problemas, se mostrando hostil e agressivo quando confrontado sobre as drogas.
Esses comportamentos evitam enfrentar a realidade da dependência.
Comportamentos de isolamento social
O isolamento social aumenta conforme a dependência avança. O usuário convive apenas com pessoas que também usam drogas, afastando-se de amigos e familiares que não compartilham desse hábito.
Esse isolamento pode piorar problemas emocionais, como ansiedade e depressão, como também dificultar a busca por tratamento.
Entender esses mecanismos é relevante para familiares e profissionais, de maneira a abordar o dependente de forma adequada. Assim, é possível incentivá-lo a buscar ajuda especializada.
Sintomas físicos e psicológicos do ciclo vicioso
O vício em drogas se revela através de vários sinais: tremores, taquicardia e suor excessivo são sintomas físicos comuns quando a droga é retirada.
O ciclo vicioso afeta profundamente as emoções. Culpa, vergonha e baixa autoestima são sentimentos frequentes, mas podem ocorrer também mudanças de atitude e afastamento de pessoas queridas.
Com o tempo, os sintomas pioram. Apagões ficam mais comuns e a tolerância aumenta. Em casos graves, alucinações e delírios podem surgir.
Reconhecer esses sinais cedo é importante e buscar ajuda profissional é fundamental para superar esse ciclo.
O processo de abstinência e suas manifestações
A abstinência é um período que pode ser desafiador para quem busca tratamento, durante o qual o corpo e a mente passam por mudanças significativas.
Sintomas físicos da abstinência
Os sinais físicos variam conforme a substância. No álcool, podemos destacar tremores, sudorese e taquicardia.
Em casos graves, 5% dos alcoolistas podem ter “delirium tremens”, uma condição séria com risco de vida.
Aspectos emocionais durante a abstinência
Emocionalmente, a pessoa enfrenta ansiedade, irritabilidade e depressão, além de dificuldade de concentração e cansaço.
Importância do suporte profissional
O apoio especializado é fundamental na recuperação. Profissionais podem prescrever medicamentos para controlar as reações da abstinência.
É indispensável manter o acompanhamento após o tratamento inicial, pois ajuda a prevenir recaídas e garantir uma recuperação bem-sucedida.
Tratamento e recuperação: Caminhos possíveis
A recuperação da dependência química envolve várias etapas e abordagens. Vamos explorar os tipos de tratamento e o papel da família nessa jornada.
Tipos de tratamento disponíveis
O tratamento varia conforme o estágio da dependência. Na fase inicial, a OMS sugere orientação e dicas de moderação.
Para casos intermediários, a terapia comportamental é indicada. Já em casos graves, a reabilitação intensiva é recomendada.
Papel da família no processo de recuperação
O apoio familiar é vital para o sucesso do tratamento. A família pode oferecer suporte emocional e criar um ambiente favorável.
É importante que os familiares se informem sobre a dependência química para poder lidar com o dependente, e devem participar ativamente do processo de tratamento.
Importância de clínicas especializadas
O tratamento da dependência química engloba várias abordagens, e na clínica de recuperação, o paciente tem acesso a uma equipe multidisciplinar.
Considerando que a dependência química afeta todas as áreas da vida da pessoa, poder contar com o suporte profissional de diferentes especialidades, faz toda diferença no seu processo de recuperação.
Vale ressaltar que o paciente é considerado na sua integralidade, levando em conta seu estado físico e mental, o tipo de substância, o tempo de uso e a frequência.
Nas clínicas de reabilitação, o paciente tem acesso a todas as ferramentas necessárias para retomar o controle de sua vida e ser inserido na sociedade e no meio familiar da forma mais saudável possível.
Conclusão
Embora desafiadora, a recuperação de dependentes é possível. As três fases da dependência mostram como o problema evolui, sendo de suma importância reconhecer os sinais de alerta cedo para buscar ajuda.
O apoio familiar é essencial na recuperação, propiciando um ambiente de compreensão e incentivo. Lembrando que a dependência afeta não somente o usuário, mas também seus entes queridos e a sociedade.
Com suporte adequado e persistência, é possível superar a dependência. A jornada pode ser longa, mas vale a pena.